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Abandono Afetivo: Quando se Configura, Como Provar e Consequências Legais

abandono afetivo, infelizmente, é uma realidade para muitas famílias brasileiras. 

Mais do que a ausência física de um pai ou mãe, ele se caracteriza pela negligência emocional, pela falta de cuidado e atenção aos filhos, causando danos psicológicos e sociais que podem ser irreparáveis.

O Que é Abandono Afetivo?

Previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), configura-se quando um dos genitores deixa de cumprir seus deveres de cuidado, guarda, educação e criação dos filhos, causando prejuízos emocionais ao seu desenvolvimento.

Exemplos de Abandono Afetivo:

  • Falta de contato: Ausência de visitas, ligações, mensagens ou qualquer tipo de comunicação frequente com o filho.
  • Desinteresse na vida da criança: Indiferença aos estudos, atividades extracurriculares, vida social e emocional do filho.
  • Negação de apoio emocional: Falta de suporte em momentos difíceis, como conflitos na escola, problemas de saúde ou dificuldades pessoais.
  • Rejeição e humilhação: Atitudes que diminuem a autoestima da criança, como críticas constantes, ofensas e falta de reconhecimento.
  • Falta de cuidado material: Não prover as necessidades básicas da criança, como alimentação, vestuário, higiene e saúde.

Como Provar o Abandono Afetivo

Provar o abandono afetivo requer a coleta de evidências que demonstrem a negligência e o descaso do genitor com o desenvolvimento emocional da criança. 

Alguns exemplos de provas que podem ser utilizadas:

  • Testemunhas: Depoimentos de familiares, amigos, educadores e profissionais que presenciaram a situação de abandono.
  • Registros de comunicação: Históricos de mensagens, ligações e e-mails que comprovem a falta de contato ou a negligência do genitor.
  • Relatórios profissionais: Avaliações psicológicas, sociais e pedagógicas que atestem os danos causados pelo abandono afetivo na criança.
  • Documentos escolares: Boletins, faltas e outros registros que indiquem o desinteresse do genitor no acompanhamento do desenvolvimento escolar da criança.

Tempo de Caracterização do Abandono Afetivo

Não existe um tempo específico para caracterizar o abandono afetivo. Cada caso é analisado individualmente, considerando a frequência e a gravidade das condutas negligentes do genitor, bem como os impactos na vida da criança.

Consequências Legais do Abandono Afetivo

abandono afetivo pode gerar diversas consequências legais para o genitor responsável, como:

  • Indenização por danos morais: A criança ou adolescente que sofreu o abandono afetivo pode ter direito a receber uma indenização do genitor negligente, visando reparar os danos psicológicos e sociais causados.
  • Fixação de alimentos: O genitor que abandona afetivamente o filho pode ser obrigado a pagar uma pensão alimentícia para suprir suas necessidades materiais e educativas.
  • Perda da guarda: Em casos graves de abandono afetivo, a guarda da criança ou adolescente pode ser transferida para outro familiar.
  • Suspensão de visitas: O genitor que abandona afetivamente o filho pode ter suas visitas suspensas ou restringidas por decisão judicial.

Mitos e Dúvidas Frequentes sobre Abandono Afetivo

1. Abandono afetivo é crime?

Não, o abandono afetivo não é considerado crime no Código Penal Brasileiro. No entanto, ele é tipificado como infração civil no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), podendo gerar as consequências legais mencionadas anteriormente.

2. Qual o valor da multa por abandono afetivo?

Não existe um valor fixo de multa para abandono afetivo. A indenização por danos morais é determinada pelo juiz de cada caso, considerando a gravidade dos danos causados à criança ou adolescente.

3. Como declarar abandono afetivo?

Não existe um procedimento específico para “declarar” o abandono afetivo

É necessário buscar orientação jurídica especializada para analisar o caso e, se cabível, ingressar com uma ação judicial para que sejam reconhecidos os direitos da criança ou adolescente.

4. Posso cobrar indenização do pai ausente por abandono afetivo?

Sim, a vítima de abandono afetivo, por meio de seus representantes legais, pode cobrar indenização do genitor negligente.

5. É possível processar o pai por falta de amor?

A lei não pune a falta de amor. O que é punido é a negligência e a omissão do genitor em relação ao cumprimento de seus deveres de cuidado, guarda, educação e criação dos filhos.

É importante ressaltar que o processo judicial pelo reconhecimento de abandono afetivo deve ser a última alternativa. O ideal é sempre buscar a resolução amigável do conflito, por meio de mediação ou diálogo familiar.

Enfim, será que o seu filho está sendo vítima de abandono afetivo?

Se você acredita estar passando por uma situação de abandono afetivo, é fundamental buscar orientação jurídica especializada

Um advogado experiente poderá analisar o caso em específico, reunir as provas necessárias e propor as medidas cabíveis para proteger os direitos da criança ou adolescente e buscar a responsabilização do genitor negligente.

Lembre-se, o abandono afetivo e a negligência emocional podem causar danos profundos. Busque ajuda e lute pelos seus direito

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Autor:

Dr. Antonio Carlos Ramos Pinto

Responsável técnico pelo Ramos Pinto
Advocacia e editor do portal Direito da Família. É
advogado e docente de ensino superior com
mais de 30 anos de experiência, exercendo suas
atividades profissionais em direito de família e
sucessões, direito constitucional e gestão
educacional.

Ramos Pinto Advocacia

Sua atuação jurídica é baseada no exercício de um Direito ético, humano, compreensível
e empático, sempre atento às necessidades específicas dos clientes e suas famílias.

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