A traição conjugal é uma experiência dolorosa que pode gerar diversas dúvidas e incertezas, principalmente no que diz respeito aos direitos da esposa traída em um processo de separação.
Neste artigo, abordaremos os principais aspectos legais envolvidos nessa situação, como direitos de separação por traição, a divisão de bens, a possibilidade de pensão alimentícia e os caminhos para buscar reparação por danos morais.
Quais são os direitos da esposa traída?
Os direitos da esposa traída, em tese, são os mesmos direitos que a lei brasileira garante num processo de separação, respeitando o regime de bens do casamento.
O primeiro e mais importante é o direito ao divórcio, que pode ser solicitado por qualquer um dos cônjuges, independentemente do motivo.
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Além disso, a esposa traída tem direito à partilha dos bens adquiridos durante o casamento, de acordo com o regime de bens escolhido pelo casal.
Separação por traição: como provar e o que isso muda?
A prova da traição pode ser fundamental para o andamento do processo de separação, especialmente em casos de pedido de indenização por danos morais.
As provas podem ser de diversas naturezas, como mensagens, e-mails, testemunhas ou até mesmo fotos.
É importante ressaltar que a traição em si não altera o regime de bens escolhido pelo casal.
No entanto, a comprovação da infidelidade pode influenciar na decisão do juiz quanto à divisão dos bens, principalmente em casos em que a traição tenha gerado um enriquecimento ilícito para um dos cônjuges.
Separação por traição: tem direito a bens?
Saber se a separação por traição tem direito a bens, é verificar inicialmente o regime de bens escolhido pelo casal no momento do casamento.
Os regimes mais comuns são o da comunhão parcial de bens e o da separação total de bens.
- Comunhão parcial de bens: Nesse regime, os bens adquiridos onerosamente durante o casamento são considerados comuns ao casal e devem ser partilhados igualmente. A traição, nesse caso, não altera a regra geral da partilha.
- Separação total de bens: Nesse regime, cada cônjuge conserva os bens que possuía antes do casamento e aqueles que adquirir durante a união. A traição, nesse caso, também não altera a regra geral da partilha.
Pensão alimentícia para a esposa traída
A infidelidade conjugal, embora seja um fator relevante em um processo de divórcio, não exclui automaticamente o direito da esposa traída ou quem trai à pensão alimentícia.
A lei brasileira prevê que a pensão alimentícia deve ser fixada quando um dos ex-cônjuges não possui meios para prover a própria subsistência e o outro tem condições de prestar alimentos.
No entanto, a conduta do cônjuge que cometeu a traição pode ser levada em consideração pelo juiz ao fixar o valor e a duração da pensão.
É possível pedir indenização por danos morais em caso de traição?
Sim, é possível solicitar indenização por danos morais em situações de traição conjugal, mas é importante compreender as condições possíveis para que o pedido seja bem-sucedido.
A traição, por si só, não gera automaticamente o direito à indenização. É necessário que uma pessoa prejudicada comprove que a infidelidade resultou em um impacto significativo na sua supervisão emocional e psicológica, como humilhação pública, perda de autoestima ou prejuízos à sua confiança.
Para fundamentar o pedido de danos morais, é crucial apresentar provas consistentes do sofrimento experimentado. Exemplos de evidências que podem ser utilizadas incluem:
- Mensagens e e-mails comprometedores: trocas de mensagens entre a participação infiel e a pessoa com quem ele se relacionou podem ser utilizadas como prova de traição e de suas consequências.
- Testemunhos: Amigos, familiares ou conhecidos que presenciaram o sofrimento de pessoa traída ou que tiveram conhecimento direto da traição podem ser chamados a depor.
- Relatórios psicológicos: laudos ou atestados emitidos por profissionais de saúde mental, que demonstram o abalo emocional da parte prejudicada, são provas robustas em processos dessa natureza.
- Exposição pública: casos em que a traição foi exposta em redes sociais, veículos de comunicação ou outras plataformas públicas, agravando o dano moral.
Apesar da possibilidade de indenização por danos morais estar prevista na legislação brasileira, a decisão final cabe ao juiz, que avaliará a gravidade dos fatos, o impacto causado e as provas apresentadas.
A indenização por danos morais em casos de traição conjugal visa reparar os danos sofridos pela pessoa traída, mas não deve ser interpretada como uma “pena” para o envolvimento infiel. Trata-se de uma medida compensatória, visando minimizar os efeitos do sofrimento causado pela infidelidade.
Para aumentar as chances de sucesso, é imprescindível contar com a assessoria de um advogado especializado em direito de família, que poderá analisar o caso, orientar sobre as melhores estratégias e garantir que todos os direitos sejam respeitados.